segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O dia em que Galvão Bueno esculachou Globo, Ricardo Teixeira, Eurico Miranda, Luxemburgo e o Corinhians


Antena indiscreta
Parabólica deixa Galvão Bueno mal na fita
São José do Rio Preto, 2 de setembro de 2001 




(Por Júlio Cezar Garcia)
                                                    
                                                                                   
Galvão Bueno manda Luxemburgo 'caçar bode'
em um trecho da fita (Foto 
Arquivo)

Uma gravação acidental feita pelo comerciante Sérgio Silva Roncolato, de Tanabi, por meio de antena parabólica, no domingo passado, revelou que Galvão Bueno, o maior nome da narração esportiva nacional, não diz no ar o que de fato pensa e fala nos bastidores. Na chamada que fez, minutos antes de iniciar a transmissão do jogo Corinthians e Bahia, no estádio da Fonte Nova, em Salvador, o locutor afirmou: “Sempre, Corinthians e Bahia farão um bom jogo.” Fora do ar, no entanto, Galvão, o comentarista e ex-jogador do Corinthians Valter Casagrande Júnior e o repórter Mauro Naves desancaram a equipe do Parque São Jorge. 


Galvão lamentou que a Globo venha transmitindo apenas jogos do Corinthians nas tardes de domingo, pois, a seu ver, isso levará à queda do ibope da emissora. 

A ironia do narrador começou quando o repórter Mauro Naves, após relacionar os jogadores que iniciariam a partida, anunciou o nome do treinador corintiano: “Vanderlei Luxemburgo, com ‘V’ e ‘i’ no final. Agora ele mudou... Não é mais ‘W’ e ‘y’. É ‘V’ e ‘i’.”
Galvão Bueno disparou: “Ah!...manda ele caçar um bode.”
Mauro Naves insistiu: “Agora ele voltou ao nome original”.
E Galvão emendou: “Voltou à idade original também?” - referindo-se à denúncia feita no ano passado, quando Luxemburgo era treinador da Seleção Brasileira, de que ele havia adulterado a própria certidão de nascimento, no início da carreira como jogador de futebol, para constar alguns anos menos que a idade real.
Mauro Naves e Casagrande riram da pergunta de Galvão.
Casagrande aproveitou a deixa: “Esse que é o meu medo... Volta ao original, vem confusão pela frente...”
Mauro Naves lembrou outra atividade do treinador, tempos atrás: “Vai voltar a vender carro de novo...”
A reação de Galvão Bueno ficou exacerbada assim que o repórter Mauro Naves começou a passar-lhe números e nomes dos jogadores corintianos que ficariam à disposição do treinador, na reserva, ou no banco, como se diz na gíria do futebol. “Vamos lá, os bancários”, pediu Galvão.
Mauro Naves foi ditando:“Doze, Rubinho..., treze, Ângelo..., quatorze, Ânderson... O banco é horroroso!... Quinze, Pingo...”
Galvão interrompe:“Que time é esse, gente?”
Mauro Naves prossegue:“É, pois é... Dezesseis, Edson Canhão...”
O narrador se espanta: “Quê isso? Dezesseis, Edson! Que Edson Canhão, nada!”
O repórter-de-campo se justifica:“Canhão a gente fala porque ele chuta forte.”

Galvão Bueno insiste:“Que time é esse? Isso é Corinthians?”

Naves responde, fazendo um trocadilho com a palavra banco:“É o bando do Corinthians. E tem mais, ainda... Dezessete, Andrezinho...”

Galvão refuga:“Isso não é o Corinthians, não.” -
Mauro Naves ri e o narrador questiona: “Cara, eu fui embora e aconteceu tudo isso? Passei uma semana fora!...”

“E para fechar com chave de ouro, dezoito, Neto” - conclui o repórter.
Galvão se mostra incrédulo: “Impossível. Isso não é Corinthians, não. O Casão tá rindo aqui.”
Casagrande entra na conversa e ridiculariza os jogadores reservas, insinuando que eles não teriam qualidade para mudar um resultado adverso: “Já pensou?... Um a zero pro Bahia, você (o treinador) olha pro banco...Você fala, o que eu vou fazer?”

Crítica à Globo

Após anotar os nomes da arbitragem, Galvão Bueno tem um diálogo com a retaguarda técnica da Globo a respeito dos pontos alcançados no Ibope pelas transmissões dos jogos do Corinthians aos domingos. “Cidão, quanto deu domingo passado o jogo?” - A resposta fica inaudível porque vem pelo ponto eletrônico, no ouvido de Galvão. O narrador insiste:“Que que foi domingo passado?”
Mauro Naves diz que foi Corinthians e Sport, em Recife.
“Quanto foi”, quer saber Galvão.
“O pico foi 27?” O ponto responde e Galvão se surpreende:“Tudo isso? Aquele Paraná e Corinthians tinha dado isso também, né?”
Aborrecido, o narrador prevê que o Ibope vai cair: “É, mas com o Corinthians mal assim... Corinthians demais... vai começar a diminuir isso. Não sei não, viu?... Acontece que não pode ser Corinthians todo dia, né? Domingo que vem já é Corinthians de novo, não é? Eu, pelo menos com a Fórmula 1, fico um (domingo) sim um não”.

Narrador trama 'pau' em Eurico

Eurico Miranda: Galvão tramou
com Casagrande (Foto ABR)

Na chamada que fez durante o Planeta Xuxa, Galvão Bueno, após exaltar a animação da torcida e garantir que Corinthians e Bahia sempre fazem bons jogos, soltou a frase:
 “Quem gostar tanto de futebol assim e perceber que está atrapalhando, pega o chapéu e vai embora.” E citou a confusão que Eurico Miranda, presidente do Vasco e o mais influente cartola do futebol brasileiro, aprontou no domingo em relação ao horário de entrada do Vasco em campo. “São essas pessoas que eu digo: vai pra casa”.
Terminada a intervenção, Galvão Bueno ficou em silêncio alguns segundos e, assim que o Planeta Xuxa retornou ao ar, o narrador voltou a conversar nos bastidores, tramando com Casagrande a crítica a Eurico Miranda (e, por tabela, ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira).
 “Vamos começar com essa de cara, Casão? Quem gosta de futebol e estiver atrapalhando, vai embora. Ãh?, não é uma boa? Você gosta de futebol? Você acha que pode ajudar o futebol? Estão achando que você está atrapalhando? Vai para casa!...”
 O ex-árbitro de futebol José Roberto Right, comentarista de arbitragem da Globo, entrou na conversa: “Hoje na minha coluna falei do exemplo daquela russa que devolveu a medalha de ouro. Ela não concordou com o primeiro lugar dela... Tem muito dirigente que sabe que não agrada e não quer largar o osso. Então, já podia ter dado adeus.”
 Galvão emendou: “Acho que nós vamos falar disso. Temos de falar disso hoje. Lembra que te falei? (Fui) o primeiro cara que falou isso... intervenção na CBF é a solução. Lembra que falei isso? Mas, primeiro, é inconstitucional. Segundo, você não pode punir o povo. Você não pode fazer uma coisa dessa. Aí, a Fifa tem de cumprir o regulamento e tira o Brasil da Copa.”
 O comentarista Valter Casagrande Júnior concorda: “Lógico.”
E Galvão prossegue: “Agora, que está na hora de zerar a pedra e começar de novo, está mesmo. É hora de fazer uma faxina”.
“Lógico”, repete Casagrande.
Galvão insiste com Casão: “Você vai comigo nessa?”
“Lógico, é isso aí, pô” - responde Casagrande.

Antena indiscreta

‘Pensei: acabei de gravar uma bomba’
São José do Rio Preto, 2 de setembro de 2001 

    





 Foto de Cássio Rúbio
Sérgio Silva Roncolato captou a transmissão off-line da Embratel

(Por Júlio César Garcia)- O palmeirense Sérgio Silva Roncolato, radialista e jornalista, dono de jornal impresso em Tanabi, foi o responsável pela gravação em fita VHS da transmissão off-line da Embratel, que revelou o surpreendente bastidor da equipe esportiva da TV Globo. Roncolato, ou Serginho, como é mais conhecido, trabalhou em rádio de 1976  a 99. Foi noticiarista, narrador esportivo e repórter policial em sua cidade e em Rio Preto. Hoje, é diretor de uma publicação chamada Boletim Millennium. Apesar de longe dos microfones, Sérgio mantém em casa um invejável equipamento que inclui o melhor rádio já fabricado no País (hoje fora de linha), o Transglobe, com 9 faixas de ondas, com o qual grava programas de rádio de todo o mundo.
Além desse equipamento, Roncolato tem uma antena parabólica, com receptor para 23 canais de televisão. No domingo passado, às 15h30, ele procurava o que ver na televisão quando sintonizou o canal 12 da Embratel, banda C, na freqüência 0960, que anunciava na tela: “Telerede Sebrae - geração Brasília - 140 estações via satélite.” Por esse canal, o Sérgio começou a receber e gravar imagens ao vivo do ajuste técnico e dos preparativos da equipe da Globo para a cobertura do jogo Bahia e Corinthians, direto do estádio da Fonte Nova, em Salvador. “Com certeza, eles não imaginavam que aquele off estava vazando, transmitido ao vivo via satélite. Quando ouvi tudo o que disseram, pensei comigo: acabei de gravar uma bomba”, contou o comerciante.
Seria lógico imaginar que, como palmeirense, Sérgio tivesse se regalado com a zombaria da equipe da Globo contra o treinador e o banco de reservas do Corinthians, mas isso não aconteceu: “Achei antiético, especialmente em relação ao Casagrande, pois o Corínthians foi o time que lhe rendeu fama e fortuna”. Quanto à ironia de Galvão Bueno em relação ao treinador Luxemburgo, Roncolato disse ter ficado surpreso: “Quando Luxemburgo era treinador da Seleção Brasileira, era presença garantida na cabine da Globo”, lembrou o comerciante. Ele afirma que se o treinador não comparecia, a Globo improvisava um estúdio na casa dele. “Era para aumentar o ibope da emissora. Era uma exclusividade do Galvão, que se vangloriava disso. Hoje, pelo jeito, o treinador virou Luxobrega para o narrador”, ironizou Roncolato.

Da mesma forma, o repórter Mauro Naves foi criticado pelo comerciante, já que Naves convive com os atletas no dia-a-dia do Parque São Jorge e, a seu ver, não deveria pichar a equipe daquela forma. Na sexta-feira e no sábado, o Diário tentou contato com todos os envolvidos. Os telefones de Casagrande e Luxemburgo não atendiam. O de Mauro Naves e de Galvão Bueno não foram fornecidos pela Globo.


‘Que time é esse? Isso é o Corinthians?’

     Sérgio Menezese
Tela da televisão, mostrando o canal da Embratel
A gravação feita pelo comerciante Sérgio Silva Roncolato tem aproximadamente 20 minutos. Começa quando o repórter Mauro Naves já passava a escalação do Bahia para o narrador Galvão Bueno. Veja abaixo os principais trechos captados pela parabólica:

Galvão - Vamos lá.
Naves - Vamos lá. (E conclui a escalação do Bahia.)
Galvão - Vamos lá. Corinthians.
Naves - Corinthians. Um, Doni...
Galvão - Peguei seu recado só hoje, viu Mauro?
Naves - Pois é, o celular não funcionou ontem. Não funcionou o do Casagrande... Hoje passou a funcionar.
Galvão - Peguei só hoje o seu recado.
Naves - Eu não sabia qual, né? Você tem duzentos (celulares).
Galvão - Não, só tenho este. O do Rio acabou. Eu perdi no Uruguai, não lembra?
Naves - Ah, tá...
Galvão - Eu perdi no Uruguai e resolvi aposentar. Chega. Quem quiser me ligar, agora, liga interurbano para Londrina, pronto. Vou ficar andando com dois celulares que nem louco na mão?
Naves - De qualquer jeito seria interurbano mesmo, porque você nunca pára nem num nem noutro.
Galvão - E aí? Dormiu ou saiu?
Naves - Saí, mas foi jogada rápida.
Galvão - (Ri) Jogada rápida...
Naves - Eu perdi minha agenda. O Kock me ligou há poucos dias... eu não tenho o celular dele...
Galvão - Ele está aqui. Você vai falar com ele aqui. Você vai embora hoje?
Naves - Vou. Nove horas, eu e o Casão.
Galvão - Vocês são malucos. Nós vamos lá pro...
Naves - Você veio com a Desiré aí? (Desiré é a esposa de Galvão Bueno.)
Galvão - Vim, vim... Vim de Ibiza, direto (Galvão havia transmitido o Grande Prêmio da Hungria no domingo anterior e foi descansar na ilha de Ibiza, na costa da Espanha.)
Naves - (Rindo) Você estava mal, né?
Galvão - Tava mal, sim.. Tô neguinho, rapaz.
Naves - E eu que só levo a Patrícia pro Tatuapé, para passear.
Galvão - Hoje vamos lá pro Aerocloube, ali, jantar um camarão ali... Depois, vamos pro Café Cancún... Tomar as tequilas... tomar as tequilas...
Naves - Ótimo, ótimo, ótimo... Ontem tava entupido ali.
Galvão - A gente virou a noite viajando.
Naves - Você chegou do Rio?
Galvão - Fiz Ibiza-Madri, Madri-Rio, Rio-Salvador. O Roberto Kock foi me buscar no aeroporto, não me deixou ir nem pro hotel. Fomos direto pra Vilas. Cheguei no hotel, cara, 10 horas da noite... A Desiré não sabia mais nem onde estava, tanto sono, dormindo no carro. Fomos dormir.
Naves - Nós chegamos muito tarde aqui ontem.
Galvão - Vamos lá.
Naves - Vamos lá. (Começa a ditar nomes e números dos jogadores do Corinthians.) Doni, um. Cinco, Marcelo. Três, Chaid, no meio. Quatro Marquinhos. Dois, Rogério. Oito, Otacílio. Nove, Rodrigo Pontes. Onze, Ricardinho. Seis, meia-dúzia, Kleber, com k. Sete, Paulo Nunes. Dez, Gil.
Galvão - Vamos lá.
Naves - Vanderlei Luxemburgo. Com ‘V’ e ‘i’ no final. Agora ele mudou, não é mais ‘W’ e ‘y’. É ‘V’ e ‘i’.
Galvão - Ah!... manda ele (Luxemburgo) caçar um bode.
Naves - Agora ele voltou ao original.
Galvão - E voltou à idade original, também?
Naves - Voltou, voltou.
Casagrande - Esse que é o meu medo. Volta ao original, vem confusão pela frente.
Naves - Vai voltar a vender carro de novo... (todos riem)
Galvão - Vamos lá, os bancários. (Refere-se aos jogadores que ficam no banco de reservas).
Naves - Doze, Rubinho..., treze, Ângelo..., quatorze, Ânderson... O banco é horroroso!... Quinze, Pingo...
Galvão - Que time é esse, gente?
Naves - É, pois é... Dezesseis, Edson Canhão...
Galvão - Quê isso? Dezesseis, Edson! Que Edson Canhão, nada!
Naves - Canhão a gente fala porque ele chuta forte.
Galvão - Que time é esse? Isso é Corinthians?
Naves (fazendo trocadilho com a palavra banco) - É o bando do Corinthians. E tem mais, ainda... Dezessete, Andrezinho...
Galvão - Isso não é o Corinthians, não.
Naves - (ri)
Galvão - Cara, eu fui embora e aconteceu tudo isso? Passei uma semana fora!...
Naves - E para fechar com chave-de-ouro, dezoito, Neto.
Galvão - Impossível. Isso não é Corinthians, não. O Casão tá rindo aqui.
Casagrande - Já pensou?... Um a zero pro Bahia..., você olha pro banco assim..., você fala... O que eu vou fazer?
(Casagrande estava sendo profético. O jogo seria um a zero para o Bahia.)
(Galvão anota os nomes dos árbitros. Depois conversa pelo ponto eletrônico com a retaguarda técnica, solicitando os números do ibope.)
Galvão - Ô Cidão, quanto deu domingo passado o jogo?
(Resposta fica inaudível porque vem pelo ponto, no ouvido de Galvão.)
Galvão - Que que foi domingo passado?
Naves - Corinthians e Sport, não foi? Corinthians e Sport, em Recife.
Galvão - Quanto foi? O pico foi 27? Tudo isso? Aquele Paraná e Corinthians tinha dado isso também, né?
Galvão - É, mas com o Corinthians mal assim... Corinthians demais...
vai começar a diminuir isso. Não sei não, viu?... Acontece que não pode ser Corinthians todo dia, né? Domingo que vem já é Corinthians de novo, não é? Eu, pelo menos com a Fórmula 1, fico um (domingo) sim um não.
(Galvão tinha razão. Hoje tem mais Corínthians na telinha da Globo. O Timão pega o América (MG) em Belo Horizonte, a partir das 16 horas. Com ou sem parabólica?).


REVISTA 'ISTO É' DISTORCE OS FATOS E É
OBRIGADA A PUBLICAR 'ERRATA' EDITORIAL

                                         

Errata

Ao contrário do publicado na nota “Inconfidências de Galvão Bueno” (ISTOÉ 1667), o jogo Corinthians e Bahia, no dia 26 de agosto, ocorreu em Salvador (BA). As conversas de Galvão foram captadas pela antena parabólica do comerciante Sérgio da Silva Roncolato, ex-radialista nas cidades de Tanabi e Rio Preto.

O QUE FOI PUBLICADO PELA ISTO É NA EDIÇÃO ANTERIOR (1667)? QUE TEVE QUE SER CORRIGIDO EM NOTA DE ERRATA? EXIGIMOS QUE A REVISTA CONSERTASSE TRÊS ERROS: 1) NÃO FOI GRAVAÇÃO PIRATA, E SIM EM UMA TV CAPTADA  POR PARABÓLICA; 2) O JOGO NÃO FOI EM RIO PRETO, MAS NA BAHIA E 3.º A GRAVAÇÃO FOI FEITA POR SERGINHO RONCOLATO, EX-REPÓRTER DE UMA RÁDIO DE TANABI E NÃO PELA RÁDIO DE TANABI. A NOTA COM EQUÍVOCOS (DA ISTO É) É REPRODUZIDA ABAIXO:


"Inconfidências de Galvão Bueno "

O locutor Galvão Bueno, da Rede Globo, esqueceu de fechar os microfones e foi flagrado por uma gravação pirata antes do jogo Corinthians e Bahia, no dia 26 de agosto (um a zero, Bahia). O jogo foi na cidade paulista de São José do Rio Preto. Galvão Bueno conversava informalmente com o repórter Mauro Naves. O bate-papo foi captado e gravado por uma rádio de Tanabi, município vizinho a São José.
Naves – Agora ele (Vanderlei Luxemburgo, técnico do Corinthians) mudou, é com V no começo e I no final.
Galvão – Ah! Manda ele caçar bode.
Naves – Ele agora voltou ao original.
Galvão – E voltou à idade original também? (referindo-se ao caso da falsificação de documento envolvendo Luxemburgo).
Naves lê a escalação do Corinthians.
Galvão – Que time é esse? Isso não é o Corinthians, não. Com o Corinthians mal assim, vai começar a diminuir a audiência. Não pode ser Corinthians todo dia, né? Domingo que vem já é Corinthians de novo, não é?

FOLHA DE SP PUBLICA A NOTÍCIA 'VAZIA'
SEM DETALHES DA FONTE ORIGINAL

Antena "grampeia" transmissão
DA REPORTAGEM LOCAL 

O jornal "Diário da Região", de São José do Rio Preto (SP), divulgou anteontem um diálogo entre o locutor da TV Globo Galvão Bueno, o comentarista Casagrande e o repórter Mauro Naves no qual o primeiro reclama do excesso de jogos do Corinthians na programação da emissora.
A gravação foi feita pelo comerciante Sérgio da Silva Roncolato, 38, de Tanabi (SP).
Segundo ele disse à Folha, o diálogo foi captado por sua antena parabólica no dia 26 de agosto, um domingo, momentos antes da transmissão ao vivo de Bahia x Corinthians, pelo Brasileiro.
Folha ouviu por telefone, anteontem à noite, trechos da gravação feita por Roncolato.
Desde o início do Brasileiro, em 1º de agosto último, a TV Globo só transmitiu para São Paulo, aos domingos, jogos do Corinthians.
Em determinado trecho do diálogo, o locutor pergunta a seu staff os números da audiência do domingo anterior, quando o Corinthians havia perdido para o Sport.
O locutor é informado que a audiência foi boa, mas emenda:
"É, mas com o Corinthians mal assim... Corinthians demais... Vai começar a diminuir isso. Não sei não, viu? Acontece que não pode ser Corinthians todo dia, né... Domingo que vem é Corinthians de novo, não é?", disse o locutor.
Em outro trecho, reclama do time ao ser avisado sobre os reservas do Corinthians: "Que é isso? (...) Que time é esse? Isso é Corinthians? (...) Isso não é o Corinthians não".
Na fita, aparecem referências a Eurico Miranda, presidente do Vasco, Wanderley Luxemburgo, técnico do Corinthians, e à crise institucional da CBF.
Antes de a transmissão entrar no ar em rede nacional, o locutor conversa com os colegas sobre a possibilidade de intervenção na CBF: "Acho que nós vamos falar disso. Temos de falar disso hoje. Lembra que te falei? [Fui" o primeiro cara que falou isso... intervenção na CBF é a solução. Lembra que falei isso? Mas, primeiro, é inconstitucional. Segundo, você não pode punir o povo. Você não pode fazer uma coisa dessa. Aí, a Fifa tem de cumprir o regulamento e tira o Brasil da Copa. (...) Agora, que está na hora de zerar a pedra e começar de novo, está mesmo. É hora de fazer uma faxina".
Roncolato disse que captou o diálogo em um canal utilizado para programas educativos.
A assessoria da Globo no Rio disse que a emissora tem por princípio dar mais espaço em sua grade para jogos dos times de maior torcida, como o Corinthians. A emissora não quis comentar outros pontos do diálogo.
Assessores de Galvão Bueno disseram, por telefone, que o locutor não iria fazer nenhum pronunciamento sobre o assunto.

RESUMO: A matéria foi destaque ainda em rádios 
de todas as capitais e nas TVs Band, SBT e RedeTV!




Corinthians é arma contra Gugu


(Divulgação)
SBT- Gugu: audiência cai quando
Globomostra jogos do Corinthians 

José Armando Vanucci é comentarista de televisão na rádio Jovem Pan. Há 10 anos está na emissora, onde começou como um dos produtores do Show da Manhã. Há oito, comanda as entrevistas de artistas na rádio. Quatro anos atrás passou a acompanhar, diariamente, o desempenho das emissoras na guerra da audiência. Ele confirmou ao Diário, por telefone, na sexta-feira, que a decisão da Globo de programar o Corinthians todos os domingos é estratégia para bater a audiência do concorrente SBT, que nesse horário está no ar com o Domingo Legal, de Gugu Liberato.
“Domingo passado, o futebol deu 29 pontos para a Globo contra 22 do Gugu. Fora do futebol, o Gugu emplacou 26 pontos, contra 20 do Faustão”, confirma Vanucci. Cada ponto no Ibope equivale a 80 mil televisores ligados. Para efeito de audiência, o cálculo é de quatro pessoas por aparelho, revela o especialista. “Audiência é dinheiro, é faturamento. 
Quando cai um ponto, isso representa perda de mercado publicitário. Por causa disso, a renovação dos comerciais no Programa do Faustão, neste ano, foi menor do que o esperado, justamente porque ele perde em São Paulo”, afirma Vanucci, que, no entanto, não soube citar de memória os números dessa queda de contratos.
“A Globo diz que o Faustão é líder em quase todo o Brasil e só perde em São Paulo. Mas São Paulo é o principal mercado publicitário. Perder aqui é preocupante. A Globo pode estar bem no Rio de Janeiro, mas não pode vacilar em São Paulo”, acrescenta. “Aí se compreende a insistência em transmitir jogos da equipe de maior torcida no Estado”. 
Vanucci brinca, lembrando que não tem em sua casa um aparelho de medir audiência, mas confirma que tem boas fontes dentro das emissoras. “Quando terminam os principais programas do domingo, lá pelas dez e meia ou onze horas da noite, saio ligando pra todo mundo, à cata do ibope.” 


Antena derrubou ministro 

ABR 
Ricupero:'O que é bom a gente fatura, o ruim, esconde'
O ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Rubens Ricupero, foi a vítima mais importante, até hoje, das gravações por antena parabólica. Em 1o de setembro de 94, ele estava em campanha pela eleição de Fernando Henrique e, enquanto aguardava ser entrevistado no estúdio da Rede Globo, trocou inconfidências pouco éticas com o repórter Carlos Monforte. A conversa vazou e foi gravada. Toda a imprensa do País divulgou as gafes do ministro.

Leia abaixo trechos da conversa do ministro com o repórter, publicadas pelo Jornal do Brasil, do Rio em 3 de setembro de 94.

Carlos Monforte - Ministro, nós vamos aproveitar sua presença enquanto se soluciona o problema de áudio.
Ricupero - Claro, Monforte, isto aí é bom pra mim, bom pro Real e bom para o Fernando.
Monforte - E como vai a campanha, ministro?
Ricupero - A campanha está ótima, muita gente que não votaria no Fernando por causa do PFL, agora vai votar por minha causa. (...)
Monforte - Dizem que o Lula está subindo.
Ricupero - Se ele está subindo, então precisamos de um espaço no Fantástico, porque não adianta ficar falando do Real só nos programas de telejornalismo.
Monforte - E depois das eleições, o que acontece?
Ricupero - Depois de 15 de novembro, vamos ter de reprimir as greves que vão ocorrer no Brasil. Vamos soltar a polícia sobre os grevistas.
(O trecho de maior repercussão nas indiscrições do ministro foi aquele em que ele revela a tática da propaganda do candidato FHC em divulgar os efeitos positivos do Real e esconder os negativos:)

Ricupero: “O que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde”.
(Pouco depois, Monforte recebe o aviso de que as imagens do estúdio haviam sido captadas e estavam passando para quem assinava a Globosat através de antena parabólica. A Globo começa a receber dezenas de reclamações de telespectadores que ouviram a conversa divulgada por satélite. Três dias depois, em 4 de setembro de 94, Rubens Ricupero renuncia ao cargo de ministro da Fazenda.)





Arquivo diarioweb -São José do Rio Preto, 2 de setembro de 2001